quarta-feira, 27 de julho de 2016

Taubaté Cidade Cara Pra Dedéu - Episódio 3 - Adeus Futura Paz!

Taubaté Cidade Cara Pra Dedéu!

Episódio 3: Adeus Futura Paz!

O que meia dúzia de cerveja, a R$ 4,00 a latinha, não faz na cabeça do pião?



Pronto! Cheguei em um sábado a tarde. Aqui estou, mais uma vez, no antiquíssimo e saudoso município de Taubaté de 2016. As coisas são bem diferentes e muito melhores de como são no meu tempo real, no ano de 3.165... que felizmente vai demorar muito para chegar.
Andando um pouco pude lembrar vagamente de como eu era. Maravilhei-me ao ver a estrutura rudimentar da cidade.
Quando estava em frente de um supermercado "Macumo" - nome fictício para não complicar o verdadeiro - um sentimento de euforia tomou conta de mim. Até entrei para beber uma cervejinha e perturbar pessoas na fila da lotérica. Nessa época as pessoas não podiam te ferir como as da minha.
Mostrei uma foto para a balconista do "Cada Pastel" (outro nome fictício) e ela me perguntou onde era aquele lugar. "
Esse lugar ainda não existe! É a minha antiga,,, ou melhor, minha futura e ex casa!
" respondi. Ela me tomou por louco. É loucura? Não. Explico.


No ano de 2046 a ciência descobriu o segredo da vida eterna e, através de uma simples injeção à laser, aplicada na base da nuca, eu, que já contava com 84 anos fui rejuvenescido.
Contudo foi somente em 2.463, que eu sendo uma das poucas pessoas conscientes dos anos 70 do século XX, seria útil para lembrar de fatos importantes passados nessa região, já que com a 5º Guerra Mundial arquivos importantes daquela - ou dessa - época foram perdidos. 
Lembro-me então que, voltando à 2016, pela primeira vez, através do sistema de viagem temporal, que durava um dia, permitida somente para fins didáticos (pois a volta ao passado faria com que o efeito da injeção de vida eterna se perdesse) consegui uma cópia dos meus arquivos, então guardados em "Cloud" (nuvem), uma arcaica forma de armazenamento, que podia ser facilmente invadida, e voltei para o futuro sem que ninguém percebesse.
.
Mas agora, nesta segunda vez, era diferente. "
Estou fugindo
", como disse à balconista, "
de uma época posterior, 702 anos depois
".
"
Do Séc. XXX, eu não quero mais saber
" - A esta altura a garçonete já pensava que eu estava bêbado - "
Não havia mais guerra, doença ou crime. O problema era outro: O excesso de paz é que me incomodava
".
Por que havia paz? Haviam abolido o casamento; não podíamos mais ter filhos e tentavam extirpar, via cirurgia telepática, toda a população para que não mais amasse, o que representava perigo de superpopulação, já que ninguém mais morria.
Já havíamos colonizado, à exaustão, a Lua, de onde eu vim, Marte e Vênus e não havia mais nenhum planeta habitável disponível. “
Furtivamente entrei na sala da viagem e cá estou
”.
A estas alturas a balconista já nem me ouvia mais.
Fui embora do Macumo. Já estava ficando noite.

Meu plano agora é viver por aqui mesmo por mais alguns anos e quando chegasse a hora de me rejuvenescerem, como já disse antes, eu rejeitaria e outro viria em meu lugar.
Finalmente eu iria saber como e quando morri, bastando para isso voltar para casa e seguir com a mesma boa vida que tive no passado. Minha esposa resmungando porque bebi uma cervejinha, as contas altas para pagar e o delicioso medo de ser assaltado na porta de casa. Tudo isso me aguardava novamente e eu me pergunto: "
Por que é que não voltei antes?
"
.
Já em frente de casa, como se tivesse voltado do bar, tiro do bolso a velha fotografia, do ano de 2.463, onde vivi feliz por uns 800 anos... Até me entediar!
É... Meus amigos! Naquela época, os velhos rejuvenescidos mais antigos, ainda podiam imprimir imagens em papeis, semelhantes a velhas fotografias, para guardarem de lembrança! E esta foto, apesar de ainda não ter sido batida, já era do século retrasado.
Olho para ela e suspiro feliz antes de entrar: "
Adeus futura paz!
"
.
.
Acyr - 21/06/2016

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