quinta-feira, 13 de outubro de 2016

O Dízimo

O Dízimo
livreto católico que incita às crianças, mediante interpretações forçadas, 
à pagarem o chamado “Dízimo Mirim” retirando assim, ainda mais 
dinheiro das famílias. O apetite das igrejas por dinheiro é semelhante 
ao do político: Não tem fim. Usando de interpretações, transforma-se 
todos os textos bíblicos, inclusive simples diálogos, em “obrigações do 
dízimo”. É como se a Bíblia fosse um mero “livro-caixa” 
na mão dos líderes religiosos


Prólogo
As igrejas de hoje, tanto católicas como protestantes, cobram o dízimo dos fieis. Afirmam que o dízimo que cobram é “baseado na Bíblia” e, portanto, “uma obrigação do cristão”. 
Alguns líderes religiosos, desconsiderando todas as outras observações de Cristo sobre o comportamento cristão no que toca o desapego ao dinheiro, afirmam que o pagamento do dízimo é “a principal condição para se conseguir seus objetivos aqui na Terra antes de ir para o céu após a morte”. Outros resumem a vida dos fieis em “orações e pagamentos de dízimos”, fazendo com que a relação com Deus seja uma simples questão de pagamentos mensais à uma Igreja.
Há determinadas denominações religiosas, em especial as denominadas “evangélicas”, que até punem os fieis que não pagam o que lhes é exigido. Chegam ao ponto de fazer os fieis assinarem 'compromissos' de dívidas, cobrando-os depois na Justiça e sujando-lhes o nome como devedores comuns. Outros líderes religiosos, hipocritamente dizem não cobrar o dízimo, mas exercem forte pressão sobre os fieis no sentido de que se não estão pagando “
não são cristãos”, a ponto de fazer com que os outros membros da igreja lhes tratem mal. Qual a diferença de uma cobrança formal e outra informal? Nenhuma.

Será que a vida daqueles que hoje procuram por uma relação com Deus é condicionada á pagamentos mensais? O dízimo cobrado hoje é realmente baseado na Bíblia? Deus “exige” – conforme dizem alguns – o pagamento do dízimo, como uma principais das condições para ser cristão? Havia punições para quem não pagasse o dízimo dos dias da Lei de Moisés? Essas e outras perguntas vão ser respondidas nesta matéria.


1ª Parte 
O Dízimo Bíblico
Representação de Aarão, irmão de Moisés. Entre os israelitas ele, como sacerdote, 
e seus descendentes, não possuíam herança na terra prometida e como cuidavam 
exclusivamente dos  serviços sacerdotais no tabernáculo, tinham que ser mantidos 
pelos outros membros do povo. Esta foi a Lei do Dízimo. Mas quando este sacerdócio 
terminou com a vinda de Cristo, acabou-se também a Lei do Dízimo.


Se compararmos o Dízimo bíblico, com aquilo que chamam de “dízimo” nos dias atuais, veremos que um nada tem a ver com o outro. 
A Lei do Dízimo bíblico não era produto de interpretações de textos bíblicos aleatórios da história do povo hebreu. Foi clara e detalhadamente escrita para ser lida, entendida literalmente e executada nos mínimos detalhes por todo o povo. Tinha a ver somente com o sacerdócio israelita, previsto na Lei mosaica dos tempos anteriores à Cristo e tinha que ser cumprida integralmente. Mas cumpri-la nos dias atuais é impossível. Por exemplo, o dízimo, que na verdade eram ‘dois dízimos’, eram pagos uma vez por ano com produtos da terra (e não com dinheiro) para sustentar os levitas e o sacerdócio aarônico (que incluía todos os parentes destes). Os dízimos não eram pagos durante os “anos sabáticos” (Levítico 25:1-12). Existem anos sabáticos, levitas e sacerdócio aarônico nos dias atuais?
E como eram esses “dois dízimos”? Em uma análise deles, verifica-se que o “dízimo” atual não pode ser baseado neles, e que portanto, trata-se de uma interpretação bem superficial da palavra que o define. Vejamos:

1º Dízimo - Pago uma vez ao ano com produtos da terra colhidos e do aumento (não do total) do rebanho durante o ano, para sustentar os membros da família dos levitas porque não tinham parte na herança na terra dos israelitas, Os levitas, por sua vez, também pagavam 10% do dízimo do que recebiam ao sacerdócio aarônico - Levítico 27:30-32; Números 18:21, 24 e Números 18:25-29
Caso um israelita preferisse pagar em dinheiro em vez de produtos da terra, era-lhe estipulado mais 1/5 do valor dos produtos. - Levítico 27:31.

2º Dízimo – Era guardado, também em mantimentos e gado, não com o sacerdócio, mas com a própria pessoa, a cada ano. Depois tudo era unido para o usufruto de todos os israelitas quando estes compareciam às festividades nacionais em Jerusalém. - Deuteronômio 12:4-7, 11, 17, 18 e 14:22
Este dízimo era usado também para outro fim: No fim de cada terceiro e de cada sexto ano do ciclo sabático de sete anos, este dízimo, em vez de ser usado para custear as despesas nas festividades nacionais, era destinado ao sustento dos residentes forasteiros, das viúvas e dos meninos órfãos de pai na comunidade local. — Deuteronômio 14:28, 29; 26:12.

Não havia Punições

Sob a Lei não existia pena estipulada para ser aplicada à pessoa que deixasse de pagar o dízimo. Deus colocou todos sob forte obrigação moral de dar o dízimo; no fim do ciclo de três anos de pagamento de dízimos, exigia-se deles confessar perante Ele, Deus, mediante oração, (e não à um sacerdote) que os dízimos haviam sido pagos integralmente. (Deuteronômio 26:12-15) Qualquer coisa retida incorretamente era considerada algo roubado de Deus, algo que o sacerdócio não poderia saber — Malaquias 3:7-9. Era uma questão de consciência. 
Assim, não haviam cobranças, expulsões, advertências ou mesmo comportamento indiferente dos vizinhos por causa do dízimo. O peso na consciência do israelita já era a sua punição.

Há alguma semelhança do dízimo bíblico com o que se chama de “dízimo” nos dias atuais, cobrado sempre em dinheiro à cada vez que alguém recebe, indo o dinheiro direto para a conta de alguém, que não é levita, nem do sacerdócio aarônico e nem participa das festividades nacionais do antigo Israel? Nenhuma.


Consequências do pagamento de Dízimos
Palácio” do “Bispo” de Guaxupé, sul de Minas Gerais. Ao contrário do antigo 
sacerdócio aarônico (que não tinha terras e nem renda e vivia modestamente), 
os líderes religiosos atuais, embora digam, hipocritamente, que fazem "votos de pobreza", 
são milionários e moram em suntuosos ‘palácios’, enquanto o povo que lhes mantém 
mora não raro em favelas. Era o dízimo bíblico usado para enriquecer pessoas ou financiar luxuosas moradias? Não. O dízimo bíblico era usado justamente para fazer o contrário: 
fornecer fartura ao povo e não ao sacerdócio. Assim, o chamado “dízimo” atual nada 
mais é do que uma fonte de renda pessoal, que nada tem a ver com o verdadeiro 
propósito do que foi o dízimo bíblico

Conforme vimos, o dízimo bíblico (pago em mantimentos alimentícios) não era um “dinheiro para Deus”, conforme os líderes religiosos de hoje em dia dizem. Deus não precisa de dinheiro. E nem era “dinheiro para a igreja”. Lugares não precisam de dinheiro (o tabernáculo do sacerdócio judaico, quando a Lei foi dada ao povo, era uma simples tenda). Dentro do dízimo bíblico, quem precisava de mantimentos, e não de dinheiro, eram pessoas.
E o dízimo bíblico foi uma forma do povo de, não enriquecer, mas manter nutrido o sacerdócio aarônico, para seu próprio benefício.
Quando o povo israelita se tornava negligente quanto à dar o dízimo, o sacerdócio sofria. Por quê? Tanto o sacerdócio quanto os levitas se viam obrigados a gastar seu tempo em serviço secular para se manterem, e, consequentemente, não sobrava tempo para seus serviços ministeriais. (Neemias 13:10) Tal infidelidade tendia a produzir um declínio na adoração verdadeira que o povo devia ter. Como o dízimo estava sob supervisão direta de Deus e não de homens, tal atitude levava á frustração e a escassez.
Por outro lado, quando Israel era fiel à Lei e incluía o dízimo entre suas obrigações, administradores justos o restabeleciam para os levitas. Passava então a haver progresso e fartura para todo o povo embora o próprio sacerdócio se mantivesse no mesmo nível de posses — Amós 4:4, 5; 2ª Crônicas 31:4-12; Neemias 10:37, 38; 12:44 e 13:11-13.

Há alguma semelhança disso com o que se faz nas igrejas de hoje? Não. É comum vermos líderes religiosos milionários enquanto os fieis que lhes dão dinheiro ficam sempre esperando por um “
retorno” que fica somente na promessa e nunca vem.
Promessas, aliás são as únicas coisas oferecidas, nos dias atuais, em troca de “dízimo”. Depois que nada é conseguido, os líderes religiosos colocam a culpa nos fieis, dizendo que “
não tiveram fé suficiente”. É justo isso?
Nos dias de Moisés, quando a Lei do Dízimo estava em vigor, o retorno era imediato. De que forma? O povo sabia que pagava o dízimo somente para manter o seu serviço sacerdotal em dia, e através dele ser abençoado, de forma imediata, por Deus. E isso nunca falhava.


2ª Parte 
O Fim da Lei do Dízimo
Uma das mansões de um líder religioso dito “evangélico” (Valdemiro Santiago), em 
um condomínio de milionários de são Paulo, avaliada entre 7 e 10 milhões de reais. 
Iguais à ele, vários outros líderes religiosos juntam fortunas dizendo que cobram o 
dízimo em bases bíblicas. Os fieis lhe dão dinheiro pensando estarem fazendo a 
vontade de Deus. Fazem isso por que não sabem que o verdadeiro dízimo bíblico não 
existe mais como obrigação. Nos tempos de Moisés, o dízimo fornecia fartura ao povo e 
não ao sacerdócio. Mas os pagadores de dízimos hoje em dia nunca ficam ricos e não raro 
vão à miséria por darem o que tem à outros


Os Cristãos, a Partir de Cristo, Pagavam Dízimo?
Em nenhuma ocasião se ordenou aos cristãos do primeiro século pagarem dízimos conforme era pago pelos antigos israelitas. Se o objetivo da Lei dos dízimos, era sustentar o templo e o sacerdócio de Israel; consequentemente, a obrigação de pagar dízimos cessou quando aquele pacto da Lei mosaica chegasse ao fim, cumprido, por meio da morte de Cristo na estaca de tortura. (Efésios 2:15; Colossenses 2:13, 14). Com o novo pacto de Cristo, a antiga Lei foi cumprida e os cristãos não mais estariam sob sua obrigação – e isso incluía também o pagamento de dízimos.
Alguns argumentam que os Levitas continuaram a exercer o sacerdócio judaico depois de Cristo, até que este foi destruído em 70 EC. Mas tal argumento justifica a manutenção do dízimo judaico para os cristãos? De maneira nenhuma. A partir de 33 EC, os cristãos tornaram-se parte de um novo sacerdócio espiritual que não era sustentado por dízimos. — Romanos 6:14; Hebreus 7:12 e 1ª Pedro 2:9. E os cristãos, pessoas vindas não só do povo judaico, mas de todos os outros povos, não poderiam fazer parte de dois sacerdócios aos mesmo tempo. Seria ilógico continuar com esse aspecto da Lei uma vez que, para os cristãos, não existe mais o sacerdócio aarônico, nem a classe levítica.

É interessante notar que no dízimo cobrado hoje pelos religiosos que se dizem cristãos, não se exige nada das obrigações ligadas ao verdadeiro dízimo bíblico – que eram a sua essência. Por exemplo: Não se diz para os cristãos irem à Jerusalém (localizada hoje no atual Israel) uma vez ao ano, para as festividades nacionais judaicas. Mas isso era, depois da manutenção do sacerdócio aarônico, o principal objetivo do dízimo.
Ao invés disso, os líderes religiosos apenas pedem o dinheiro dizendo que “
é bíblico”. E o pagador enganado dá o seu dinheiro, pensando estar “de acordo com a a Bíblia", mesmo sem conhecer o verdadeiro destino dele.


3ª Parte

Como Seria o Verdadeiro Dízimo 
nos Dias Atuais?

Representação do que seria o Templo de Salomão, único lugar que abrigava os 
serviços do sacerdócio aarônico na Terra.. Tanto a reconstrução deste como uma 
"volta" do sacerdócio que nele funcionava seria impossível, para não dizer embuste. 
E qualquer esforço para trazer essas coisas de volta seria como negar o cristianismo


Pelo considerado acima, é impossível para uma pessoa de hoje pagar o verdadeiro dízimo bíblico. Da mesma forma seria impossível para qualquer pessoa receber tal dízimo, caso fosse feito nas bases bíblicas. Qualquer tentativa seria então, antibíblica.
Para começar, o pagador teria que se tornar israelita e as classes sacerdotais aarônica e levita teriam que voltar. A classe sacerdotal judaica era formada apenas pelos descendentes de Levi e Arão - e não podia ser diferente disso. 
Nos dias atuais não se sabe mais sobre essas descendências porque os romanos destruíram os registros judaicos em 70 EC, a partir do que os judeus se espalharam pelo mundo. Ou seja: Mesmo para os atuais judeus de Israel, que dizem viver ainda "sob a Lei", seria impossível a restauração do sacerdócio e do dízimo.
Mas vamos supor que se inventasse um novo sacerdócio aarônico, que justificasse um novo pagamento de dízimo. Quais as consequências? Justificaria a cobrança? 

Com uma suposta recriação do antigo sacerdócio judaico, o templo de Salomão, onde ficava a 'Arca do Pacto' (Josué 3:6), teria que ser reconstruído em Jerusalém, pois é o único local onde tal sacerdócio estava divinamente autorizado a funcionar. Mas isso significaria o fim do Muro das Lamentações (o que restou do templo), que é um lugar sagrado para o atual judaísmo, e, por causa dele, nem mesmo os judeus mais ortodoxos pensariam em reconstruir o antigo templo. E mesmo que isso acontecesse, o templo só serviria para abrigar a "Arca". Mas a Arca esta se perdeu nos tempos do Rei Josias (uns 640 anos antes de Cristo) e nunca mais foi encontrada e nem substituída. 
A antiga Lei mosaica teria que voltar a vigorar no templo para que se cobrasse o dízimo, trazendo de volta os sacrifícios de animais, parte obrigatória da Lei. Mas isso seria uma rejeição ao sacrifício do “cordeiro perfeito”, mencionado por João (João 1:29) como o “sacrifício resgatador” da humanidade, que substituiu esses sacrifícios. De forma que, com o retorno de tais sacrifícios, o termo "cristão", ou os que acreditam no sacrifício resgatador de Cristo, seria renegado. 

Assim, pagar o “dízimo” à alguma igreja nos dias atuais é o mesmo que dizer-se não cristão. 
Mas como foi que o "dízimo" passou a ser parte integrante das denominações religiosas – notadamente aquelas que se dizem “cristãs - de hoje? Será que são sinceras, pensando estarem de acordo com a Bíblia, as pessoas que cobram tal tributo, ou é puro engodo? 

Esta pergunta será respondida oportunamente. 




segunda-feira, 3 de outubro de 2016

As Viagens Missionárias de Pedro - 1ª Parte: A questão da Localidade

As Viagens Missionárias de Pedro
Mapa das viagens missionárias de Pedro narradas em Atos. Nelas Pedro sempre permaneceu perto de Jerusalém.


- Prólogo -
Muito se fala em Viagens Missionárias de Paulo. Mas nunca se menciona as viagens Missionárias de Pedro, que, semelhante a Paulo, também era pregador viajante. Neste assunto, dividido em partes, vamos tratar delas.
As viagens missionárias de Pedro fornecem indicativos de que ele, contrariando o que ensina a tradição, nunca esteve em Roma.
Baseadas no livro de Atos, que detalha o início do cristianismo, as missões de Pedro indicam que ele não saiu de perto de Jerusalém até o ano de 62, quando ele já se encontrava em Babilônia.
Um simples exame do livro de Atos também desmonta o argumento de uma suposta "transferência de Jerusalém para Roma da sede em 70 EC", pois Jerusalém ainda não havia sofrido a destruição por Roma, quando Pedro escreveu suas cartas por volta de 62 a 64 EC. Roma ainda não era uma ameaça perigosa e Pedro, junto com os outros Apóstolos, estava baseado em Jerusalém de onde era enviado em viagens missionárias (Atos 1:4: "não saiam de Jerusalém").
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- Pedro Chamou Roma de Babilônia? -
Sem examinar o livro de Atos, os católicos dizem que quando Pedro falou que estava na Babilônia (1ª Pedro 5:13) estava "querendo dizer" que estava em Roma.
Por incrível que pareça, toda a fé católica depende dessa única interpretação. Pois é com ela que a Igreja Católica afirma "provar" que Pedro "fundou a igreja em Roma". Caso isso não se sustente, a igreja encontraria-se em sérias dificuldades dogmáticas.
Será que tal afirmação corresponde aos fatos? Por que Pedro chamaria Roma de Babilônia ao passo que outro apóstolo (Paulo), escrevendo simultaneamente às cartas de Pedro não a chamou assim?
A resposta é simples: Trata-se de pura interpretação, ou seja, transforma-se uma frase em outra a fim de adaptá-la ao que se quer ensinar.
Mas, se é mera interpretação, como podemos ter certeza de que Pedro não chamou Roma de Babilônia e que ele realmente estava em Babilônia, ao oriente de Jerusalém e não no Ocidente (em Roma)? Vejamos alguns motivos:
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- 1) "Codificação" Desnecessária -
Um dos motivos é que nenhuma das cartas bíblicas, escritas por outros Apóstolos codifica cidades ou qualquer outra coisa. Todas as cartas bíblicas são relatos autênticos, simples, de conselhos diretos e escritas para qualquer pessoa ler e entender.
O apóstolo Paulo, por exemplo, escreveu diretamente aos romanos pouco anos antes de Pedro escrever suas cartas. O livro bíblico "Romanos" foi escrito em Corinto no ano de 56 EC, quando a situação política do Império era a mesma da época da carta de Pedro.
Depois de escrever aos romanos, Paulo escreveu diretamente de Roma, à Timóteo entre os anos 61 à 65, ou seja "depois" das cartas de Pedro. Nestas cartas Paulo menciona nominalmente Roma (2ª Timóteo 1:17).
Qual então seria a razão para Pedro "disfarçar" ou "codificar" (como alegam alguns teólogos) o nome da cidade? Nenhuma. Se assim o fizesse causaria confusão ao invés de esclarecer seus leitores.
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- 2) Cartas Para Os Destinatários Certos -
Outro motivo era a localização dos destinatários das cartas de Pedro.
Nelas se declara que foram escritas para os "cristãos espalhados", que estavam nas províncias ao norte de Babilônia e na Ásia ao oriente (1ª Pedro 1:1). Lugares bem longe de Roma, porém perto de Babilônia.
Os povos das cidades que deveriam ler as cartas (nominalmente Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia) possuíam populações semelhantes a de Babilônia e diferente dos romanos no modo de pensar religioso. Eles eram judeus, ao passo que os romanos eram gentios.
Não há sentido em dizer que Pedro iria para Roma e, de lá, escreveria para povos tão distantes de onde estava e diferentes de seu foco de pregação. O teor das cartas de Pedro mostra claramente que ele se dirigia à judeus e não à gentios.
Devido à esta incongruência o historiador eclesiástico (da Igreja), francês, Louis Ellies Dupin (1657-1716) escreveu: "Como poderiam aqueles a quem escreveu entender que Babilônia significava Roma?” Isso lhe causou a perseguição por parte da Igreja e ele foi "banido".
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- 3) Pedro Pregava Aos Judeus Circuncisos -
Qual era o foco de pregação de Pedro? O apostolado de Pedro era junto aos judeus "circuncisos" enquanto que Paulo pregaria aos gentios "incircuncisos".
Isso foi decidido em uma reunião de Pedro com Paulo e Barnabé anos antes (Gálatas 2:7,8). A carta aos gálatas foi escrita por Paulo entre os anos de 50 e 52 EC em Jerusalém, depois das visitas que fez à Galácia entre 47 e 48 EC.
Babilônia, e não Roma, era "um centro do judaísmo" (ou os circuncisos) à época de Pedro. A enciclopédia católica The International Standard Bible Encyclopedia diz: "Babilônia permaneceu um foco do judaísmo oriental durante séculos, e, das discussões nas escolas rabínicas ali foi elaborado o Talmude de Jerusalém no quinto século de nossa era, e o Talmude de Babilônia, um século depois.". Roma porém era "das nações", ou dos "gentios" (incircuncisos).
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- Afirmação Sem Base Bíblica -
Qual razão teria Pedro para, depois de ser incumbido de pregar aos judeus circuncisos, abundantes ao oriente de Jerusalém, se dirigir à Roma pagã "junto com Paulo" conforme afirmam os católicos, para pregar aos incircuncisos, contrariando totalmente o que haviam decidido, em reunião, fazer? Nenhuma.
Ademais quem pregaria aos judeus ao oriente? Ou seja: Dizer que Pedro foi pra Roma é o mesmo que dizer que os cristãos oriundos dos judeus (ou os circuncisos) 'foram esquecidos' em prol dos pagãos, o que não tem nenhuma lógica do ponto de vista bíblico e histórico.
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- Conclusão da 1ª Parte -
à luz dos fatos históricos e da Bíblia a interpretação de que "Babilônia era Roma codificada" não permanece de pé, a não ser para quem se recusa a aceitar fatos comprovados em prol de fábulas inventadas com o intuito de cegar a mente dos que insistem em acreditar em tradições ao invés de usarem a lógica.

Seria Pedro o "chefe" dos apóstolos, a partir de Roma? Esse ponto será discutido na 2ª parte desse assunto, aqui.