terça-feira, 1 de outubro de 2019

Lino - Um Papa Eleito Aleatoriamente

Lino - Um Papa Eleito Aleatoriamente
Representação artística de Lino, um gentio romano convertido ao cristianismo nos tempos apostólicos
que a igreja Católica colocou como "Papa" substituindo Pedro, embora este ainda vivesse.

Lino viveu em Roma na época em que os apóstolos estavam vivos e sediados em Jerusalém (Atos 1:4). Haviam cristãos convertidos, tanto dos judeus como de gentios. E Lino, antes de ser convertido, era dos gentios romanos.
Em tais circunstancias ele jamais poderia ter sido o "chefe" dos cristãos. Mesmo que existisse tal chefia, logicamente esta seria de um dos apóstolos. Mas a Igreja católica colocou Lino, e não um apóstolo como chefe. Contudo há mais.
Na lista de Papas da Igreja Católica, admitidamente elaborada apenas em 2001, os primeiros quatro mencionados como "sucessores de Pedro" são: Lino (67-76), Anacleto (76-88), Clemente I (88-97) e Evaristo (97-105). Todos os quatro viveram na época em que os apóstolos estavam vivos
Será que tal lista é válida? Seria correto afirmar que pessoas convertidas se tornaram "chefes" dos apóstolos? Mencionaram os apóstolos tal chefia? Não. Vamos ver, por exemplo, o caso de Lino.
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- Uma Única Citação Válida -
Lino é mencionado uma única vez na Bíblia. No final da segunda carta de Paulo a Timóteo (2ª Timóteo 4:21) escrita em Roma em 65. Ele é um discípulo, estando portanto abaixo dos apóstolos, na dianteira da congregação cristã. É romano e, portanto um gentio convertido. Na carta de Paulo é mencionado "enviando cumprimentos" a Timóteo, junto com Êubulo, Prudente, Claudia e "todos os outros irmãos" e só. Ninguém especial ou de destaque.
Fora esta citação de Paulo, o nome "Lino" aparece em mais duas citações históricas consideradas "as mais antigas". E ambas não o situam como "Papa".
Uma é de Tertuliano (160-220). Ele cita Clemente, e não Lino como "sucessor" de Pedro. Mas a vida do próprio personagem Tertuliano não é conhecida e nem seus escritos comprovados como sendo dele. Muito folclore cerca sua existência e há quem diga que a citação dele sobre "Papa" foi criada apenas nos tempos modernos. A outra citação é de outro personagem igualmente controverso e incerto, Irineu (130-202). Ele cita Lino como "2º Bispo de Roma". Mas é interessante notar que Irineu e Tertuliano se contradizem mesmo sendo contemporâneos. Isso reforça as teses de que o que ambos não disseram o que se lhes atribuem.
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- Citações da Tradição Não Bíblica -
Há outras quatro citações: Júlio Africano (Político romano), Hipólito (170-236, considerado o primeiro "antipapa", por ser "contra as ideias dos pais da Igreja"), Eusébio (265-339, considerado o "pai da História da Igreja a partir do Concílio de Nicéia [325]) e o Catálogo liberiano (uma lista de supostos "bispos de Roma", atribuída a Libério (310-366), o 36º Papa). Nenhuma dessas fontes pode ser eficazmente comprovada. De qualquer forma, estas citações fazem parte de uma tradição de fora da Bíblia e não encontram respaldo nela.
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- Um Papa Fora do Contexto Apostólico -
No entanto a Igreja o colocou como "2º Papa" apenas dois anos depois da carta de Paulo. sucedendo a Pedro e "suplantando" todos os apóstolos. Pedro, por exemplo ainda estava vivo, já que escreveu a sua segunda carta em 64 enquanto pregava aos judeus circuncisos de Babilônia e arredores.
O que atesta definitivamente contra a suposta "eleição e chefia da Igreja" por parte de Lino (bem como a de todos os outros "papas"), é não ser ela mencionada por nenhuma das cartas apostólicas escritas depois (a última foi o Apocalipse de João, escrito em 96 DC).
Caso fosse o "papa", ou o "chefe", certamente o mencionariam. O próprio Lino não escreveu nada inspirado para fazer parte da Bíblia e nem influenciou os apóstolos.
Seria lógico que Lino fosse "o chefe", e por exemplo, João, o escritor de três cartas inspiradas e o Apocalipse, um apóstolo que andou com Cristo e Pedro e viveu até depois do ano 100 não?
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- Papas Por Acaso -
Na mesma situação estão os outros três "sucessores". Todos eles, segundo a Igreja, embora não fizessem parte dos apóstolos, supostamente se tornaram "chefes" deles. E desses três, apenas Clemente é mencionado na Bíblia, e também só uma vez. Na carta de Paulo aos Filipenses, escrita em Roma em 61 DC ele é mencionado junto com "todos os outros cristãos", que "se esforçam na pregação", junto com Paulo. Exatamente o que fazem todos os cristãos convertidos pelos apóstolos ou por qualquer outro do grupo de cristãos convertidos.
Clemente também, como gentio convertido romano, não é ninguém especial. Mas a igreja o colocou como o terceiro sucessor de Pedro, o "chefe" em Roma da congregação cristã, cuja base estava em Jerusalém junto com os apóstolos ainda vivos.
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- Conclusão -
Certamente, quando elaborou a lista de papas, a Igreja Católica não imaginava que as evidências históricas seriam estudas e a colocaria por terra. Com certeza a lista foi elaborada a esmo, sem qualquer estudo ou consideração. Esperavam que ninguém fosse questionar.
Na verdade nunca existiu chefes humanos entre os cristãos. O próprio Pedro não foi o chefe da Igreja como dizem. Veja aqui as evidências:

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