terça-feira, 1 de outubro de 2019

A Bíblia Se Contradiz?

A Bíblia Se Contradiz?
Antes de dizer que "há contradições", os críticos da Bíblia deveriam lê-la. Mas não a leem.

- Prólogo -
A Bíblia é a Palavra de Deus. Foi escrita por vários homens inspirados por Ele, durante séculos para narrar apenas uma história: A restauração do reino de Deus aqui na Terra. Sendo a Palavra de Deus e narrando apenas uma história ela não pode se contradizer. Todos os seus livros tem de ser harmoniosos.
Apesar disso, muitas vezes levantam contra a Bíblia a acusação dela ser contraditória. O curioso é que tal acusação parte apenas de pessoas que nunca leram cabalmente a Bíblia. Ou eles inventam teses baseadas numa única passagem bíblica, ou apenas repetem o que ouviram outros falarem.
Alguns, apesar de quererem acreditar na Bíblia, encontraram o que parecem ser genuínas contradições, e isso os perturba.
O que acontece nesses casos é que é que os escritores bíblicos tinham formações, estilos de escrita e dons diferentes, e refletiram seus estilos quando escreveram a Bíblia.Normalmente porém, os críticos, não levam isso em conta em seus julgamentos
É por isso que quando dois ou mais escritores tratam do mesmo evento, um deles talvez inclua pormenores que o outro omita. As vezes alguns deles apresentam o relato de em ordem cronológica, ao passo que outro talvez siga um arranjo diferente.
Isso são contradições? Para os críticos, que não leem a Bíblia sim, mas para os que a leem cabalmente é o contrário: Uma narrativa, ao invés de contradizer, enriquece a outra.
Vejamos alguns exemplo de "contradições" apontados pelos críticos:
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- 1º) O Oficial do Exército -
Veja por exemplo Mateus 8:5 onde lemos que, quando Jesus entrou em Cafarnaum, “veio a ele um oficial do exército, suplicando-lhe” que Jesus curasse o servo dele. Mas em Lucas 7:3 lemos que esse oficial do exército “enviou-lhe anciãos dos judeus para lhe pedirem que viesse e fizesse seu escravo passar por isso a salvo”.
A dúvida é: Foi o oficial do exército quem falou com Jesus ou enviou ele anciãos?
Pode parecer incrível, mas, unicamente com base nestes dois, os críticos, muitos deles líderes religiosos, dizem que a Bíblia inteira é contraditória. Mas, se pensassem um pouco mais veriam o seguinte:
Evidentemente o Oficial enviou anciãos dos judeus. Por que então diz Mateus que o próprio homem suplicou a Jesus? Simplesmente porque, o homem realmente pediu isso a Jesus, embora por meio dos anciãos judeus. Os anciãos serviram de porta-vozes dele. Mateus simplesmente não mencionou os anciãos, ou o meio de pedir que o oficial usou mas apenas o pedido do oficial.

Para entender melhor isso, imagine que você receba uma carta, enviada do correio, de alguém lhe pedindo ajuda. O fato da carta ter sido entregue por um carteiro te causaria dúvida quanto a autoria dela? Certamente que não. Do mesmo modo aconteceu com o relato de Mateus.
Pense também no seguinte: Lemos em 2ª Crônicas 3:1: “Por fim, Salomão principiou a construir a casa de Deus (o Templo) em Jerusalém.” Mais adiante, lemos: “Assim Salomão acabou a casa de Deus" (2ª Crônicas 7:11).
Será que Salomão pessoalmente construiu o templo do começo ao fim?
Claro que não. A construção propriamente dita foi feita por uma multidão de artífices e trabalhadores. Mas Salomão foi o organizador da obra, o responsável por ela. Por isso, a Bíblia diz que foi ele quem construiu a casa.
Do mesmo modo, o Evangelho de Mateus nos diz que o comandante militar 'se dirigiu' a Jesus. Lucas apenas acrescenta o pormenor de que ele se dirigiu a Jesus por meio dos anciãos judeus.
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- 2º) Os Filhos de Zebedeu -
Veja outro exemplo, como o de cima, citado pelos críticos. Em Mateus 20:20, 21, lemos: “Aproximou-se [de Jesus] a mãe dos filhos de Zebedeu com os seus filhos, prestando homenagem e pedindo-lhe algo.” Ela pediu que seus filhos obtivessem a posição mais favorecida quando Jesus entrasse no seu Reino.
No relato de Marcos sobre esse mesmo evento lemos: “Tiago e João, os dois filhos de Zebedeu, aproximaram-se [de Jesus] e disseram-lhe: ‘Instrutor, queremos que faças para nós o que for que te peçamos.’” (Marcos 10:35-37).
Dúvida: Foram os dois filhos de Zebedeu, ou foi a mãe deles, quem fez o pedido a Jesus?

Do mesmo modo como aconteceu com os relatos de 2ª Crônicas, fica evidente que foram os dois filhos de Zebedeu que fizeram o pedido, conforme Marcos declara. Mas fizeram-no por meio da sua mãe, conforme Mateus diz. Ela era porta-voz deles. Isso é apoiado pelo relato de Mateus, de que, quando os outros apóstolos souberam o que a mãe dos filhos de Zebedeu tinha feito, ficaram indignados, não com a mãe, mas “com os dois irmãos”. — Mateus 20:24. Se tivesse sido obra apenas da mãe deles, não haveriam motivos para serem censurados.

Escutou alguma vez duas pessoas descreverem um acontecimento presenciado por ambas? Em caso afirmativo, notou que cada pessoa enfatizou os pormenores que mais a impressionaram? Uma delas talvez deixasse fora coisas que a outra incluiu. Ambas, porém, falaram o mesmo relato.
O mesmo se dá com os quatro relatos evangélicos sobre o ministério de Jesus, assim como se dá com outros eventos históricos relatados por mais de um escritor bíblico. Cada escritor escreveu informações exatas, mesmo que um relatasse pormenores que outro omitiu. Por se considerarem todos os relatos, pode-se obter um entendimento mais pleno do que aconteceu. Essas variações provam que os relatos bíblicos são independentes. E sua harmonia básica prova que são verídicos.
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- 3ª) Os Filhos de Eva -
Muitas vezes, aparentes incoerências podem ser solucionadas por se examinar todo o contexto. Considere o muitas vezes levantado "problema" da esposa de Caim.
Lemos em Gênesis 4:1, 2: “A seu tempo, [Eva] deu à luz Caim e disse: ‘Produzi um homem com o auxílio de Deus.’ Mais tarde deu novamente à luz, seu irmão Abel.”
Conforme é bem conhecido, logo em seguida a este relato Caim matou Abel. Mas, depois, lemos sobre Caim ter uma esposa e filhos (Gênesis 4:17).
Se Adão e Eva tiveram apenas dois filhos, Conforme dizem os críticos, onde encontrou Caim a sua esposa? Alguns "especialistas" explicam que "só pode ser porque havia outros seres humanos na Terra além de Adão e Eva" (teorizados por alguns como "povos" [o povo "Adão" e o povo "Eva"])

Mas, bastaria prosseguir a leitura para que a solução para este "problema" fosse resolvido.
Em Gênesis 5:3 lemos que Adão tornou-se pai de outro filho, chamado Sete, e então, no versículo seguinte, lemos: “Ele se tornou pai de filhos e de filhas.” (Gênesis 5:4).
De modo que Caim se casou com uma das suas irmãs ou mesmo com uma das suas sobrinhas, uma das filhas de casamentos de seus outros irmãos e irmãs mencionados apenas como "filhos e filhas".
Naquele estágio inicial da história humana, quando a humanidade estava ainda perto da perfeição física, tal casamento evidentemente não apresentava os riscos para os filhos da união como apresentaria hoje em dia.
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- 4ª) A Discordância de Paulo e Tiago -
Considerarmos o contexto ajuda-nos também a entender o que alguns afirmam ser uma "discordância" entre o apóstolo Paulo e Tiago.
Em Efésios 2:8, 9, Paulo diz que os cristãos são salvos pela fé, não por obras. Ele diz: “Fostes salvos por intermédio da fé . . . não se deve a obras.” Tiago, porém, insiste na importância das obras. Ele escreve: “Assim como o corpo sem espírito está morto, assim também a fé sem obras está morta.” (Tiago 2:26).
É a fé ou são as obras que salvam as pessoas?

No contexto, verificamos que uma declaração não contradiz, mas complementa a outra.
O apóstolo Paulo refere-se aos esforços dos judeus de guardar a Lei mosaica. Eles acreditavam que, se guardassem a Lei em todos os seus pormenores, seriam justos e, portanto salvos. Mas Paulo salientou que isso era impossível. "Nunca podemos tornar-nos justos — e assim merecer a salvação — por nossas próprias obras, porque somos inerentemente pecaminosos. Podemos ser salvos apenas pela fé no sacrifício resgatador de Jesus". — Romanos 5:18.
Paulo estava se referindo as obras prescritas na Lei Mosaica, já extinta pela vinda de Jesus mas ainda seguida pelos judeus. Ao mesmo tempo frisava que aqueles judeus deveriam, a partir daquela hora "exercer fé" na nova Lei do Cristo, para então começarem a produzir as "obras" nela requeridas.
Tiago, por sua vez, complementou o que Paulo disse. Referindo-se, não aos judeus, mas aos que já haviam abandonado a antiga Lei pela nova Lei do Cristo, acrescenta o ponto vital de que a fé, por si só, não tem valor, se não é apoiada por obras. Quem afirma ter fé em Jesus deve provar isso por aquilo que faz. A fé inativa é uma fé morta, e não resulta em salvação.
Para os dois apóstolos a fé era importante, desde que fosse a fé exercida na Lei do Cristo, e as obras eram o que realmente salvavam, desde que fossem obras requeridas na nova lei do Cristo.
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- 5ª) Josué e Moisés -
Como acontece com qualquer grupo de pessoas que relatam um mesmo evento, os escritores bíblicos também escreveram, de pontos de vista diferentes, sobre o mesmo acontecimento E apresentaram seus relatos de modos diferentes. Significa isso que se contradizem? Não.
Quando essas diferenças são tomadas em consideração, é fácil solucionar outras aparentes contradições.
Um exemplo disso encontra-se em Números 35:14, onde Moisés fala a respeito do território a leste do Jordão como “deste lado do Jordão”. Josué, porém, falando sobre a mesma terra, chamou-a de o “outro lado do Jordão” (Josué 22:4). Josué contradisse Moisés?

Não houve contradição, ambos estão certos. Segundo o relato em Números, escrito por Moisés os israelitas ainda não haviam atravessado o rio Jordão para a Terra da Promessa, de modo que o leste do Jordão era ‘este lado’. Mas Josué já havia atravessado o Jordão quando fez seu relato. Ele se encontrava então literalmente ao oeste do rio, na terra de Canaã. De modo que o leste do Jordão, para ele, era o “outro lado”.
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- 6ª) A Criação do Homem e dos Animais -
Além disso, a maneira que uma narrativa é feita pode levar a uma aparente contradição.
Em Gênesis 1:24-26, a Bíblia indica que os animais foram criados antes do homem. Mas Gênesis 2:7, 19, 20 parece dizer que o homem foi criado antes dos animais.
Levem em conta que o livro de Gênesis foi escrito por Moisés e, portanto os dois relatos foi escrito pela mesma pessoa. Moisés contradiz a si mesmo?
Não. Isso acontece porque os dois relatos da criação consideram-na de dois pontos de vista diferentes, embora sejam da mesma pessoa.
O primeiro ponto de vista descreve a criação cronológica dos céus e da terra, e de tudo o que há neles (Gênesis 1:1–2:4). O segundo concentra-se na criação da raça humana e no início da história humana que levou a sua queda no pecado. — Gênesis 2:5–4:26.

O primeiro relato é composto de forma progressiva, dividido em seis “dias” ("épocas") consecutivos. O segundo se acha escrito em ordem da importância dos assuntos.
Depois de um curto prólogo, passa diretamente, de forma lógica, para a criação de Adão, visto que ele e sua família, e não os animais, são o assunto daquilo que segue (Gênesis 2:7).
Outras informações são então acrescentadas conforme necessárias. Ficamos sabendo que Adão, depois da sua criação, devia viver num jardim no Éden. De modo que se menciona então o estabelecimento do jardim do Éden (Gênesis 2:8, 9, 15). Deus mandou que Adão desse nome a “todo animal selvático do campo e toda criatura voadora dos céus”. Era então tempo de mencionar que “Deus estava formando do solo” todas essas criaturas, embora a criação delas tivesse acontecido muito antes de Adão aparecer no cenário. — Gênesis 2:19; 1:20, 24, 26.

O caso da "formação dos animais" é o mesmo da "formação da Terra", descrita em Gênesis 1:1-14.
Primeiro Deus "criou a Terra", que devia estar coberta inteiramente por água (Gênesis 1:2), assim como criou o Universo inteiro. Muito tempo depois ele começou a "formar a terra" para que ela pudesse ser habitada (Gênesis 1:3-14). Os animais já estavam ali, muito tempo antes do homem ser criado, mas começaram a ser "formados", a partir do nome que receberam de Adão. Passaram então a ser conhecidos por nome a a existirem do ponto de vista humano.
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- 7ª) A Conquista de Jerusalém -
Às vezes, para resolver aparentes contradições, só é preciso ler o relato, do ponto de vista histórico e geográfico, com cuidado e raciocinar sobre as informações providas.
Isso se dá quando consideramos a conquista de Jerusalém pelos israelitas. Jerusalém estava alistada como parte da herança de Benjamim, mas lemos que a tribo de Benjamim não conseguiu conquistá-la (Josué 18:28; Juízes 1:21).
Lemos também que Judá não conseguiu conquistar Jerusalém — como se fizesse parte da herança dessa tribo. Por fim, Judá capturou Jerusalém, incendiando-a (Josué 15:63; Juízes 1:8).
Todavia, registra-se também que Davi, centenas de anos depois, conquistou Jerusalém. — 2ª Samuel 5:5-9.
À primeira vista, tudo isso pode parecer confuso, mas realmente não há contradições.

De fato, a fronteira entre a herança de Benjamim e a de Judá estendia-se ao longo do Vale de Hinom, atravessando a antiga cidade de Jerusalém. A parte que mais tarde passou a ser chamada de Cidade de Davi estava realmente no território de Benjamim, assim como Josué 18:28 diz.
Mas é provável que a cidade jebuseia de Jerusalém se estendesse para o outro lado do vale de Hinom e assim passasse para o território de Judá, de modo que também Judá tinha de guerrear contra os seus habitantes cananeus.
Benjamim não conseguiu tomar a cidade. Em certa ocasião, Judá tomou Jerusalém e incendiou-a (Juízes 1:8, 9). Mas as forças de Judá evidentemente passaram adiante, e alguns dos habitantes originais recuperaram a posse da cidade.
Mais tarde, constituíam um bolsão de resistência que nem Judá nem Benjamim conseguiram remover. De modo que os jebuseus continuaram em Jerusalém até Davi conquistar a cidade centenas de anos mais tarde.
Ou seja: trata-se de um simples e longo relato temporal que os críticos não levam em conta e leem-no como se todo o evento tivesse acontecido em menos de um mês.
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- 8ª) A "Via Sacra" de Jesus -
Lemos no Evangelho de João a respeito de Jesus ser levado para ser morto: “Levando ele mesmo a estaca de tortura, saiu.” (João 19:17).
No entanto, lemos em Lucas: “Então, quando o levaram embora, pegaram Simão, certo nativo de Cirene, que vinha do campo, e puseram nele a estaca de tortura para a levar atrás de Jesus.” (Lucas 23:26).
Foi Jesus quem carregou o instrumento da sua morte ou foi Simão quem o carregou para ele?

Como acontece no relato da conquista de Jerusalém, tudo é uma questão temporal, não levada em conta pelos críticos.
No começo de sua "Via Sacra", Jesus evidentemente carregou a sua própria estaca de tortura, assim como João indica. Pouco mais tarde, porém, conforme atestam Mateus, Marcos e Lucas, Simão de Cirene foi recrutado para carregá-la por ele o restante do caminho até o lugar da execução. Simplesmente, Jesus ficou exausto e por isso precisou ser ajudado. Um simples raciocínio na questão nos leva a este resultado, mas, ao que parece, nem isso os críticos possuem.
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- Conclusão -
É verdade que há na Bíblia algumas aparentes incoerências difíceis de serem conciliadas. Seria preciso um estudo cabal nela.
Mas não devemos presumir, antes de um escrutínio pormenorizado, que se trata definitivamente de contradições. Muitas vezes se trata apenas dum caso de falta de informações completas.
A Bíblia fornece suficiente conhecimento para satisfazer nossas necessidades espirituais. Mas se ela nos fornecesse todos os pormenores sobre cada evento mencionado, ela seria uma enorme biblioteca, difícil de manejar e impossível de ser lida durante uma vida inteira. Mas em vez disso, ela é o livro jeitoso, fácil de carregar, que temos hoje.
E leve em conta que os historiadores estão sempre descobrindo fatos históricos do passado que corroboram o que está escrito na Bíblia. Muitos eventos históricos que antes só se encontravam relatados na Bíblia, passaram a ter, principalmente durante o Séc XX, respaldo em descobertas arqueológicas.
Tudo depende da nossa fé na palavra de Deus

Na realidade, a Bíblia é um milagre de condensação. Contém informações suficientes para habilitar-nos a reconhecê-la como mais do que mera obra humana. Quaisquer variações que contém provam que os escritores deveras eram testemunhas independentes. Por outro lado, a notável unidade e coerência, dado o tempo em que foi escrita, a Bíblia demonstra sem qualquer dúvida a sua origem divina. Ela é a palavra de Deus, não de homem. E como tal NÃO PODE SER MUDADA a ponto de confundir e causar estranheza aos homens de fé.

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