domingo, 29 de maio de 2016

Campanha do Quilo - Pilantragem!




foto: Cartaz de propaganda da campanha do quilo de uma igreja evangélica. Reconhece-se que 
 trata-se de um empreendimento social, embora esse tipo de ação não faça - ou não deveria fazer - 
 parte de um itinerário religioso que se diz baseado na Bíblia. E, como sempre, para justificar, pastores (e padres) interpretam textos bíblicos que, a primeira vista parecem apoiar tal ideia. Não é o caso. Não há na Bíblia nenhuma justificativa para que se apoie causas sociais como se fossem causas religiosas.
Aqui, por exemplo Paulo estava me Mileto (hoje situada na Turquia) quando falou aos anciãos  da congregação cristã daquela cidade no sentido dos irmãos de se ajudarem, tanto no  sentido espiritual como material, "a serviço da pregação do Reino de casa em casa (versículos 18-20 quando Paulo começa a falar). Isso deveria ser feito dentro da congregação, e não fora dela apoiando alguma causa social externa com o envolvimento de pessoas estranhas.


Mendicância Sistematizada.
Se aqueles rapazes passando praticamente todos os dias - as vezes mais de uma vez por dia - na sua casa oferecendo saquinhos de lixo "para ajudar uma instituição que ajuda drogados", já é indecente, imagine a famigerada "campanha do Quilo.
Aqueles vendedores de saquinhos não são de instituição a lguma (se você perguntar onde fica eles te indicam uma igreja evangélica). Na verdade é coisa de pastor evangélico (ou seja: não é para ajudar drogado nenhum e sim engordar a conta bancaria do pastor pilantra).
No caso da campanha do quilo funciona o "quanto mais melhor". Contudo melhor para quem? Quem sai ganhando com isso? Os necessitados, suposto objetivo dessas campanhas, é que não são. Não se conhece uma única pessoa que diz ter sido ajudada por essas campanhas. Ou seja, quem dá quilo ou dinheiro para essas pessoas não sabem realmente para onde vai o que deram.


Um Argumento Fraco
Para começar esse tipo de campanha deveria ser realizada dentro das instituições, quer sejam religiosas ou de qualquer outro tipo, na comunidade dos necessitados, que, por sua vez devem se cadastrar para receberem a ajuda, e não indiscriminadamente de casa em casa, sem meta e sem se apresentar, de forma clara, as pessoas que serão ajudadas.
As pessoas que desejarem ajudar outras pessoas, vão então até as instituições que pertencem e dão o quilo, pois ninguém é obrigado a ajudar instituições a que não pertençam, que é o que acontece quando se pede indiscriminadamente
É por isso que as pessoas que pedem quilo de porta em porta diz somente: "Campanha do quilo". Mas, se não for perguntado, não diz de onde é. E as pessoas comuns não costumam perguntar imbuídas que estão em "ajudar". Além disso, as pessoas que pedem, por alegarem genericamente "os pobres", também não sabem dizer exatamente onde e nem quem será ajudado.


Espíritas Mendigos!
Uma vez uma senhora me disse em casa: "Campanha do quilo". Eu perguntei de onde era. Ela me disse que "era para ajudar as crianças pobres". 
Insisti na pergunta e, meio que constrangida me disse que era "de um centro espírita". Daí eu lhe disse: "se não sou espírita, ao contrário sou contra o espiritismo, logo não poderia ajudar uma obra espírita".
Daí ela, meio que enraivecida, me retrucou dizendo que "as crianças que precisam de ajuda não vêem religião" e que eu, por não ajudar "por causa de religião" estava "negando ajuda às crianças". Respondi-lhe: "Eu ajudo crianças, desde que quem me peça seja de alguma entidade a que pertenço. Eu Inclusive dou bem mais do que 1 quilo." 
Além disso eu expliquei que costumo acompanhar o que dei até o seu destino final, "isso se eu mesmo não for lá e dar pessoalmente."
Claro que pessoas como ela, por trabalharem para outros sem pensar no que estão fazendo, não entendem essa lógica. Costumam mendigar no escuro, pedindo a esmo e pior, sem saber bem por quê. Mas a parte mais engraçada daquela conversa, e a que fez com que ela fosse embora, foi a minha risada com a resposta que me deu quando lhe perguntei "de onde eram as crianças pobres" que iriam ajudar:
"- Eu mesma não sei. É o 'Pai-de-Santo' que vai receber uma 'revelação' sobre isso!".


Evangélicos Mendigos... E Perigosos!
Outras instituições que resolveram entrar na onda das "campanhas do quilo" (mas que, na mesma campanha também pedem dinheiro) são as igrejas evangélicas.
Os "pastores" (na verdade 'empresários', já que igrejas evangélicas nada mais são do que empresas lucrativas) viram nessas "campanhas" um modo de não mais fazerem as compras do mês e ainda venderem o produto, adquirido de graça, como "abençoados" nos cultos.
Colocaram seus "fieis", incluindo crianças, para pedirem, tanto de porta em porta como nas entradas de supermercados. Os "pastores" mesmos, exceto para fiscalizar não dão as caras nessas campanhas.
Certa vez, no final de 2015, estavam estacionados em frente a um supermercado (nome omitido) e, com a ajuda de alguns funcionários do local, também evangélicos, praticamente forçavam os fregueses mediante conversas emotivas, a darem 1 quilo "em nome de Jesus".
Depois da conversa que tive com eles, nos mesmos moldes que havia tido com a mulher espírita, me responderam que aqueles mantimentos era para "ajudar as crianças do nordeste". 
Eu lhes disse que "de todos os argumentos mais estapafúrdios que já ouvi nessas 'campanhas', aquele era o mais cara de pau".
Claro que aquele objetivo era inviável, levar comida perecível (havia pães e leites nos carrinhos) daqui até o nordeste. "Não seria mais fácil, prático e rápido a igreja de vocês enviar dinheiro para uma conta bancária do local onde supostamente dizem estar ajudando?" Não houve resposta.

Ameaça!
A partir daí eles ficaram com os semblantes sérios. Começaram a tramar fazerem algo contra mim. Primeiro mandaram uma funcionária do supermercado vir conversar comigo para 'saber onde eu moro'. Não deu certo. Depois de um tempo, um deles, agora com ares bem diferentes da humilde candura exibida ao pedirem quilo, veio pra perto de mim e me disse sussurrando para eu tomar "muito cuidado porque eu não sabia com quem estava mexendo!".
Minha resposta, alta e não sussurrando como fazem os hipócritas, foi: "Mas, ao contrário dos outros, é justamente porque sei com quem estou lidando, que não dei o quilo". E ao ir embora emendei: "Vocês não são de Jesus, como alegam, pois Jesus não fazia obras de caridade social e não incluía ameaças em suas obras de pregação."


Outras Formas de Pilantragem
O mesmo se dá nas campanhas de supostos "lares de crianças abandonadas ou doentes". Não existe "lar" nenhum, mas todo mês vem um motoqueiro, que você não sabe de onde é, pegar a sua "contribuição" lhe dando em troca um papelzinho que ele mesmo imprime como "recibo".
Um dia, um desses motoqueiros, que mais parecia um malandro dado ao jeito que se vestia e falava, bateu em casa e, sem tirar o capacete, disse ser "diretor" de uma casa de "crianças com câncer" e pedia "qualquer quantia" para ajudar.
Pedi-lhe que tirasse o capacete e ele disse que "estava com pressa". Relutou mas tirou. Perguntei à ele onde ficava "a casa". "No final do Pq. Três Marias" respondeu. Eles sempre citam um lugar bem longe de onde você está. Ou seja: Se eu estivesse no Três Marias ele diria ser no Quiririm.
Primeiro fiz com que ele acreditasse que eu estava entrando no jogo dele. Depois pedi-lhe sua identidade, o endereço e o telefone "da casa". "Depois que eu comprovar esses dados me comprometo á lhe dar R$ 200,00 por mês." Sabem o que ele fez? Colocou o capacete e, sem dizer uma única palavra foi embora. Nunca mais voltou... pelo menos na minha casa!


Conclusão - Quer Ajudar Alguém, Faça Você Mesmo!
Essas tais "campanhas do quilo" (e outras mais) nada mais são do que meios de vida para quem as realiza. A maioria, ou a totalidade delas pode ser enquadrada como 'estelionato' (Art. 171 do CP).
Percebe-se que é mostrado enquanto pedem, mas não é mostrado o produto sendo entregue ao pobre conforme o prometido, o que certamente seria bem propagandeado, se fosse o caso. Se não mostram entregando é porque não houve entrega. É como o dízimo (o "dízimo" nas igrejas nada tem a ver com o dízimo bíblico) as pessoas dão 'a fundo perdido'.

Por isso, se você realmente quiser ajudar outras pessoas, é melhor fazer por você mesmo. Caso contrário, com toda certeza, além de não estar ajudando ninguém pode estar dando dinheiro para um estelionatário.



Publicado no grupo Taubaté - SP, em 29/05/2016 aqui:

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