sexta-feira, 8 de abril de 2016

WILLIAM SHAKESPEARE - O MITO - 1ª Parte


WILLIAM SHAKESPEARE - O MITO
Não se sabe qual a aparência que Shakespeare teve. Quadros como este (acima) são apenas alegorias  
e indicativos de sua existência, assim como também acontece com representações de Cristo ou Buda.

1ª parte


Prólogo
A maioria das pessoas com um mínimo de conhecimento já ouviu falar de William Shakespeare, tido como o maior dramaturgo que já existiu. A New Encyclopædia Britannica diz que ele foi, na opinião de muitos, "o maior dramaturgo de todos os tempos. Suas peças . . . são hoje encenadas com mais freqüência e em mais países do que as de qualquer outro". E elas foram traduzidas para mais de 70 línguas. 
Muitos dizendo-se "especialistas" ou "autoridades" em Shakespeare (Bárbara Heliodora, por exemplo, falecida em 2015) tecem histórias por vezes beirando a mirabolância sobre esse personagem histórico. De forma que, devido ao peso da "autoridade" dessas pessoas, outras pessoas, medianas, de um modo geral e sem muitos questionamentos, aceitam Shakespeare como o pintam.  
E olhe que não dizem pouco. Além de ator, poeta, escritor, ensaísta, historiador, jurista, poliglota entre tantas outras "qualidades", dizem que foi também médico, não um médico comum, mas um que sabia tudo de medicina (veja a obra Conhecimentos Médicos de Shakespeare, de Sir John Bucknill - publicado em 1860). Além disso, livros sobre Shakespeare continuam hoje indo para as bancas, cada qual acrescentando um novo pormenor sobre o assunto. Mais: Em tempos de Internet, frases atribuídas à Shakespeare (naturalmente anônimas) estão espalhadas à esmo aumentando ainda mais a obra. 
Teria sido Shakespeare realmente tudo isso, ou pelo menos algumas das coisas que dizem dele? Para responder essa pergunta é preciso analisar a vida e a obra atribuída à dele. Usando então de lógica comparativa, veremos que ele não foi nada do que se diz dele. E nem poderia ser. 
Vamos aos fatos.


Vida Curta e Analfabeta
Os fatos documentados sobre Shakespeare, revelam que ele viveu apenas 52 anos (1564-1616). Nasceu em uma cidade rural do interior da Inglaterra, Stratford-upon-Avon , em uma família de analfabetos. Seu pai Willian, foi um açougueiro preocupado apenas com negócios. Não se preocupou em matricular Shakespeare na escola. Para a família o importante era ganhar dinheiro e não estudar. 
De fato, não existe nenhuma lista de alunos da única e modesta escola da cidade - que não poderia fornecer à qualquer de seus alunos estudos suficientes para se destacar. Mas hoje a escola (bem como outras da região) diz que Willian Shakespeare, o terceiro dos sete filhos da família Shakespeare estudou lá.
Resumindo sua vida, Shakespeare passou seus primeiros vinte e três anos ajudando o pai no açougue. Se casou em Anne Hathaway (analfabeta) em 1582 e teve três filhos (todos analfabetos). Em 1587, ao que tudo indica, junto com a família, se juntou à um grupo de teatro mambembe (muito comum naquela época) e rumou com eles para Londres.
A partir daí há várias teorias, já que não há nada documentado, do que teria feito Shakespeare até 1592, quando completou 28 anos. Ele pode ter aprendido a encenar, além de trabalhar, o que lhe daria melhores rendimentos. E ele realmente juntou dinheiro suficiente para comprar, em 1599, à idade de 35 anos, o teatro Globe. Daí as famosas peças "Shakespearianas" (mais de 40, além de recitais, poemas e sonetos) começaram a ser encenadas no seu teatro, muitas delas com intervalos de alguns meses.

Shakespeare ficou rico e adquiriu algumas propriedades em Londres. Mas voltou para sua cidade natal em 1613 após o teatro Globe ser destruído por um incêndio. Três anos depois faleceu de causa desconhecida. Alguns dizem que ele se entregou à bebida por causa da fortuna, que o deixou muito doente.
A questão é: Pela vida que teve, houve tempo para escrever a gigantesca obra "shakespeariana"?  Não. mas, por incrível que pareça há os que defendem que sim. 
Leve em conta que naquele tempo, os materiais para a escrita eram raros e disponíveis apenas para os da elite. E tudo era feito, demoradamente, a mão. 
Ao fazermos, por exemplo, uma comparação da obra Shakespeariana com a de John Milton (1608-1674), um intelectual inglês, considerado o "maior linguista inglês" do Séc XVII, que viveu toda sua vida (66 anos) em academias nobres estudando e escrevendo, veremos um flagrante contraste. John Milton conseguiu produzir 8 (oito) obras, menos de 1/4 da atribuída à Shakespeare. 
Contudo, há outras questões ainda mais intrigantes. 


A Questão da Falta de Experiência
Examinando a enorme obra Shakespeariana, escrita em diferentes estilos (o que indica vários escritores e não só um) fica quase que impossível colocá-lo como o escritor dela.
Por exemplo tudo indica que ele nunca conheceu o mar, já que as viagens naquele tempo eram difíceis e demoradas, o que lhe atrapalharia nos negócios do teatro caso estivesse longe.
Mas em algumas das obras são descritas com termos técnicos náuticos de conhecimento apenas dos navegantes - não só ingleses, mas de várias outras nacionalidades - grandes navegações rumo às terras orientais. Há também batalhas navais estratégicas e naufrágios (veja a obra "A Tempestade", por exemplo). Tais eventos eram totalmente desconhecidos pelo povo comum e ignorante do interior da Inglaterra elisabetana. Como poderia Shakespeare saber daquilo tudo?
Também não há indícios de que Shakespeare tenha servido militarmente, ou mesmo que sequer tenha entrado em algum castelo ou quartel. A vida na corte e nas colunas militares era vedada ao povo comum, que não sabia o que acontece nela. Todavia, em muitas das obras são narradas, de forma exata, as etiquetas de várias cortes reais do mundo bem como de seus assuntos militares cujo conhecimento pertencia somente aos reis, nobres e comandantes de exércitos. 
A trajetória do rei inglês Henrique VI (1421-1471) é um exemplo de como uma obra pode ser atribuída à alguém somente por fantasia. A obra, que narra a intimidade do rei bem como pormenoriza costumes da época, certamente foi manuscrita por alguém da corte, próximo ao rei e confidente de seus segredos.
Então como Shakespeare poderia ter escrito a obra se ele nasceu 93 anos depois da morte daquele rei?
Não é a toa que certos historiadores, levando em conta o folclore criado em torno de Shakespeare, o levam à uma onisciência quase divina. John Michell (1933-2009), historiador inglês "especializado em Shakespeare", dizia que Shakespeare foi “o escritor que sabia tudo”.


A Questão das Provas Materiais
É desconexo que de quaisquer outros escritores, anteriores e posteriores à Shakespeare, há farta documentação por eles escrita, enquanto que a do "maior escritor de todos os tempos", produtor da "maior obra literária de todos os tempos", não há nenhum livro tanto na própria casa dele como em outras de suas propriedades. Na verdade não há nem sequer uma única folha escrita pelo próprio Shakespeare em lugar algum.
Todos os seus pertences foram cuidadosamente relacionados no seu testamento de três páginas, num documento disponível até hoje. Todavia não há nele nenhuma menção de livros ou manuscritos.
Caso houvesse livros ou manuscritos, teriam sido deixados, mesmo que informalmente, para Susanna (analfabeta), sua filha mais velha. Nesse caso, com certeza teriam sido distribuídos entre os descendentes dela. Mas não há menção de que haja qualquer coisa escrita por Shakespeare com qualquer pessoa de sua família, nos anos posteriores a sua morte.
Foram feitas buscas minuciosas (tais como às buscas por fósseis de supostos homens-macacos) de qualquer escrita de Shakespeare em praticamente toda a Inglaterra. Todas elas infrutíferas.
Leve em conta que qualquer folha escrita por Shakespeare teria sido, desde à muito tempo, considerada valiosa raridade. O dono de qualquer escrito de Shakespeare, mesmo que fosse uma única linha se tornaria milionário. Entretanto ninguém se apresentou com uma para receber algum dinheiro.
Mas e os manuscritos das peças, que são encenadas até hoje, argumentam alguns? Eles representam um problema ainda maior na falta de provas: não se sabe de nenhum original que tenha sido preservado até hoje. Sete anos após a morte de Shakespeare, trinta e seis das peças teatrais foram publicadas na edição in-folio de 1623. Mas ninguém dos descendentes de Shakespeare reclamou dos "direitos autorais".
Pior ainda: Ainda em vida Shakespeare viu várias edições "piratas", ou mesmo outras cópias exatas, das obras, sendo encenadas e vendidas fora do seu teatro Globe. Pessoas estavam ganhando dinheiro com as obras "shakespearianas", mas o próprio Shakespeare nunca se preocupou com elas (O motivo disso ter acontecido será tratado na 2ª parte desse assunto).
Daí os defensores (e fãs) de Shakespeare dizem que "ele assinou seu nome seis vezes" e que estas assinaturas estão expostas em museus "para todos verem e comprovarem a autoria dele nas obras".
Mas será que seis assinaturas, nenhuma delas em manuscritos ou livros mas em escrituras  civis (feitas por tabeliães e advogados) de testamento e de compra de propriedades provam que ele foi escritor de livros?


A Questão das Assinaturas

Será que o "maior escritor do mundo" só deixou seis assinaturas - e nenhum manuscrito - para a posteridade?
É possível que Shakespeare assinou seis vezes em quatro documentos, sendo um testamento e três de compra de propriedades. Tais documentos estão preservados em museus. Mas nem estas assinaturas podem ser, comprovadamente, de Shakespeare.
O testamento de Shakespeare (que foi feito provavelmente já ele já se encontrava doente terminal) por exemplo, foi feito por advogados, que também o assinaram.
Além disso, as seis assinaturas tem grafias diferentes, primárias (típicas de crianças que estão aprendendo a escrever ou de grosseiras falsificações).
Juntas indicam não assinaturas em si, mas a simples escrita parcialmente legível do próprio nome.

Uma explicação é de que Susanna, sua filha mais velha tenha assinado pelo pai. Ela, como a maioria das mulheres inglesas da época também era analfabeta, embora tenha aprendido com seu marido, o médico John Hall à assinar seu próprio nome. Talvez ela assinou pelo pai, por causa da posse das propriedades dele.
Sua outra filha, Judith, era mais achegada a ele. Mas esta não escrevia sequer o próprio nome. Isso suscita questões interessantes:
Caso tivesse sido mesmo ele o autor: Como pode "o maior escritor de todos os tempos" manter sua esposa suas filhas na total ignorância sobre sua "obra"? Ou: Como pode "o maior escritor de todos os tempos" ter surgido de um meio onde todos eram analfabetos e, sem frequentar qualquer academia, superar todos os nobres acadêmicos letrados?
Certamente soa bem incoerente qualquer tentativa de explicar tal possibilidade.
De maneira que dizer que as assinaturas "provam" a autoria da obra não é razoável, mesmo que elas fossem do próprio Shakespeare.


Conclusão
Pelo considerado acima vemos que a obra "shakespeariana" não foi escrita por William Shakespeare. Então, quem foi o autor da obra?
Além disso, vimos que a obra é grande e complexa demais para ter sido escrita por uma só pessoa. Assim, a resposta mais acertada seria: Quem foram os escritores da obra?
Este será o assunto da 2ª parte deste assunto.

Publicado no grupo Taubaté - SP aqui
Continua...

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